segunda-feira, 16 de agosto de 2010

BLOG NOVEL CAPITULO II

BALANÇO
Minha consciência se esforçava para que meus olhos abrissem. Com muito esforço consegui vislumbrar, entre os cílios, vultos, que diante de mim passavam falando uma lingua intelegível. Será que eu estava no céu? Não... não podia ser. Finalmente uma palavra conhecida. - Olha! Ela está acordando... murmurou de uma maneira profunda e delicada. Fiz mais um esforço e vi uma linda mulher, olhos verdes, mãos longas, pele alva e vibrante. Os cabelos tinham um tom indefinido, eram avermelhados mas brilhavam como o sol. E ela dizia para mim: - Calma! Vai ficar tudo bem. Agora você está aqui com a gente e nada mais poderá lhe atingir. 

 De repente ela sentou bem pertinho de mim e fez uma oração. Dava para ouvi-la bem baixinho: - Senhor obrigado por trazê-la para nós. Seus filhos lhe agradecem. Obrigado pelo imenso carinho e por todo o amor que nos agasalha e nos conforta em um dia tão difícil.
Aquela voz me fez desmanchar e ao mesmo tempo provocou um efeito trampolim. 35 anos atrás, incrível. Eu de vestidinho, cabelos presos, cachinhos de chocolate. 6 aninhos de idade. Ops! Meu irmão me puxa pra gente brincar.



Na areia o tempo não parecia passar. Ali habitavam seres imaginários e o capitão Damasco (eu o chamava assim) enfrentava com toda a sua fúria seus inimigos. Tudo para salvar a linda princesa, que uma hora dessas já devia estar pindurada de cabeça para baixo em algum lugar. Feito este por meu irmão que simplemente adorava aplicar todo tipo de maldade nela. Uma vez  a encontrei enterrada, só com os olhinhos de fora.

De repente na minha cabeça veio uma voz, desta vez conhecida. Imediatamente na minha mente vejo a imagem de minha filha. Abri os olhos e lá estava ela. Foi quando entendi onde estava, parecia um quarto de hospital, mas estava cercada de aparelhos, fios e tubos. No momento em que a vi,  a sala foi invadida por uma emoção indescritível. Nossos olhos se encheram dágua. Notei que ela permanecia com aquele mesmo olhar genuíno e decidido. Parecia que procurava dentre os meus respostas para o mundo. Neste momento, mesmo sem palavras, sabíamos que éramos fortes e jamais nos separaríamos. Foi quando perguntei o que havia acontecido?
- Mãe, houve um grave acidente. Um caminhão atingiu o seu carro na estrada quando você voltava para casa. Mas agora você está aqui e tudo está bem.
Por fim, aquela linda mulher que havia visto mais cedo, aparece por detras dos ombros de Ana, fala algo no pé de seu ouvido. Ela se levanta e parti. Uma sensação enorme de paz e plena felicidade invade meu corpo. Adormeço.

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